sábado, 18 de julho de 2009
HAJA PAU
O ILUSTRADOR FELIPE PADILHA
sábado, 20 de junho de 2009
O PEIXE QUE REINA NA MARÉ
Os mais velhos contam que esta embarcação virou moradia de um mero, o maior peixe das águas Potiguara, o qual pode chegar a 300 quilos. O mesmo já vive há décadas ali; tempo superior ao natural de sua espécie.
Vários pescadores afirmam que quando a maré está vazando, é possível avistar o mastro da embarcação Vinte e Um, e, próximo dela, mergulhando e subindo à superfície da água o velho mero.
As pessoas que viram o tal mero afirmam que este rei das águas doce é tão velho que criou ostras (aristi) nas costas sobre sua pele. Algumas pessoas chegam a afirmar que este mero é especial, ou seja, encantado, por isso que ele vive a tantos anos, sendo imortal, o verdadeiro rei das águas Potiguara
O GRITADOR (ASSOBIADOR)
Quando um machadeiro derruba uma árvore, por ambição ou sem necessidade, ele dá um grito. Dizem que desde essa hora ele passa a acompanhar o machadeiro, ficando em seu entorno até que a pessoa assombrada coloque o pé direito em cima do esquerdo de uma pessoa que tenha muita fé. Apessoa precisa ainda abrir os seus braços em forma de cruz e rezar um Pai Nosso, para, desta forma, a maldição ser quebrada.
Outro mistério que envolve o Gritador e seu grito é o seguinte: dizem que quando ele grita perto é porque está longe e quando ele grita longe é porque está perto, artimanha usada para confundir as pessoas e dificultar sua localização.
Segundo Carlos, cacique de Jacaré de São Domingos, na aldeia Jacaré, o povo conta a história de um Gritador que passa de sete em sete anos por lá. Segundo o cacique, teve uma vez em que ele estava na casa de uns conhecidos. Era por volta de meia-noite, quando ele resolveu ir embora. No meio do caminho, ele conta que ouviu o grito do Gritador. Assustado se escondeu no meio das árvores para ver se o tal Gritador passava, mas, quando ele ouviu o grito de novo, o Gritador já estava muito à frente, sem que ele percebesse sua passagem. O cacique concluiu sua narrativa afirmando que antigamente havia muita assombração naquelas redondezas, mas depois que chegou a energia essas assombrações desapareceram.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
O PESADOR
Diz a lenda que um homem utilizando um chapelão anda pela noite a procura de pessoas de pouca fé. Quando encontra alguma pessoa desprotegida do seu anjo da guarda, ou seja, sem a proteção dos guardiões da luz, o Pesador sobe na pessoa com todo o seu peso e começa a sufocar a pessoa. Esta não consegue gritar para pedir ajuda, perdendo o fôlego como se estivesse morrendo.
Os anciões dizem que se a pessoa visitada pelo Pesador conseguir retirar o chapéu dele, o qual esconde o seu rosto, ficará rico. No entanto, se a pessoa dormir com as mãos ou os pés cruzado, o Pesador não conseguirá lhe fazer mal. Outro modo de se proteger de ter pesadelo com o Pesador e rezar antes de dormir, entregando sua alma ao seu anjo da guarda.
UM SEDUTOR CHAMADO BOTO
Diz a lenda que o Boto é capaz de fazer as meninas donzelas se apaixonarem por ele perdidamente. Esses relatos são comuns não só entre os Potiguara, mas também em todos os lugares em que o boto vive.
O que pouca gente sabe e que o boto já foi índio moço e formoso de grande bravura, que se apaixonou pela índia mais bela de sua aldeia, a qual desprezou o seu amor. O jovem índio desgostoso da vida, incompreendido em seu amor, em uma noite de lua cheia, fez um pacto entregando–se ao mar, transformando–se em boto.
Deste dia em diante nunca mais o boto quis saber de amar ninguém verdadeiramente e, nas noites de lua cheia, ele volta à fisionomia de homem belo e moço, fazendo muitas mulheres se apaixonarem por ele, levando-as, em seguida, para o mar, a fim de viver com ele. As moças seduzidas pelo boto acabam se afogando; outras são engravidadas pelo boto sedutor, que depois disso nunca mais as procura. Por isso, ao se encontrar com o boto nos braços da maré ou em oceano aberto cuidado para não se apaixonar por ele. Pois o boto e um eterno sedutor atrás de donzelas.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
MORTO - VIVO
Como a relação de compadres e algo sagrado aos olhos de Deus, eles foram amaldiçoados a viver eternamente agarrados um ao pé do outro. Assim, para um ficar em pé, é necessário que o outro permaneça de cabeça para baixo.
Vários são os relatos de pessoas que já se encontraram com o Morto-Vivo pelos caminhos de areia das terras do Povo Potiguara, principalmente nas noites de lua cheia.
24 98410028
Os mais antigos dizem que, certa vez, em Coqueirinho as pessoas com pressa para iniciar os festejos profanos da festa de Nossa Senhora dos Navegantes anteciparam o início da missa, naquela mesma noite, no pavilhão de Coqueirinho, uma serpente adentrou o meio do salão e ficou dançando em pé como se tivesse hipnotizada. Os anciões entenderam que aquilo era sinal de mau agouro, por causa da antecipação da missa pelas pessoas. Desde então, o horário da missa tornou–se sagrado, e ninguém ousa mais antecipar.
num pássaro, cujo canto é esse: “haja pau, haja pau, haja pau haja pau...”.
HAJA PAU
Explicam os mais velhos que, certo dia, a mãe de um menino pediu para que ele fosse levar o almoço do pai até o roçado. No meio do caminho, por ter “olho grande” resolveu comer a comida que era destinada ao pai.Somente sobrou do almoço do pai alguns ossinhos, que o mesmo tampou dentro da panela e entregou ao pai. Quando o pai percebeu que na marmita só tinha osso, indagou ao filho o que significava aquilo. No entanto, o filho nada esclareceu e disse que aquilo era o que a mãe dele tinha mandado para o pai. O pai, possesso de raiva, voltou para casa e chegando lá, sem dar chance da mulher se explicar começou a surra–lá de tal modo que a mulher veio falecer.O filho mau, que tinha causado aquela situação, foi tomado de tristeza e, pelo remorso, fugiu para a mata; ninguém nunca mais teve notícia dele. Porém, alguns anciões e pessoas da mata afirmam que o menino se encantou e se transformou
terça-feira, 16 de junho de 2009
OS POTIGUARA
O povo Potiguara é um dos mais antigos povos pré-cabraliano a ser registrado nas crônicas oficiais das grandes navegações. No ano de 1501, a La Lettera, de Américo Vespúcio, batiza a Baia de Acajutibiró com o topônimo de Baía da Traição; depois deste fato, foram muitos os episódios envolvendo este povo, que tem em seu sangue a bravura e a luta como parte de sua vida. Os Potiguara só cedeu aos colonizadores portugueses depois de resistirem bravamente a dominação. Foram décadas de confronto, que nos renderam episódios como: o Ataque ao Engenho de Tracunhaém, as Invasões Francesas e Holandesas no nordeste brasileiro, as Guerras Justas entre outras. A bravura deste povo foi tanta que é o único povo indígena remanescente no estado da Paraíba.
Inicialmente os Potiguara ocupavam quase todo o litoral norte do nordeste brasileiro, do atual estado da Paraíba até o Maranhão. Atualmente os Potiguara encontram – se numa área de 33.000 hectares, distribuídos em 29 aldeias em três Terras Indígenas - TI, sendo elas: Terra Indígena Potiguara, com 21.238 há, compreendendo os municípios paraibanos de Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto; Terra Indígena Potiguara Jacaré de São Domingos, com 5.032 há, compreendendo apenas Marcação e Terra Indígena Potiguara de Monte – Mór, com 5.800 há, abrangendo Marcação e Rio Tinto.
Os Potiguara possuem um Cacique e um Conselho de Liderança que é composto por representantes das 29 aldeias. Outras características fazem parte da cultura deste povo como: o Toré (ritual Potiguara) manifestado como dança em momentos que necessitam de união do grupo; a pintura corporal; o conhecimento de plantas medicinais; a sabedoria anciã; as lendas e os causos difundidos pela cultura oral deste povo. Esta última manifestação é o objeto de estudo e divulgação dos textos presentes nesta cartilha Lendas & Causos do Povo Potiguara.