sábado, 20 de junho de 2009

O PEIXE QUE REINA NA MARÉ

O PEIXE QUE REINA NA MARÉ



Na maré dos Potiguara, entre as aldeias de Três Rios e de Tramataia, mais precisamente na altura da aldeia Brejinho, existe uma embarcação naufragada, denominada Vinte e Um.
Os mais velhos contam que esta embarcação virou moradia de um mero, o maior peixe das águas Potiguara, o qual pode chegar a 300 quilos. O mesmo já vive há décadas ali; tempo superior ao natural de sua espécie.
Vários pescadores afirmam que quando a maré está vazando, é possível avistar o mastro da embarcação Vinte e Um, e, próximo dela, mergulhando e subindo à superfície da água o velho mero.
As pessoas que viram o tal mero afirmam que este rei das águas doce é tão velho que criou ostras (aristi) nas costas sobre sua pele. Algumas pessoas chegam a afirmar que este mero é especial, ou seja, encantado, por isso que ele vive a tantos anos, sendo imortal, o verdadeiro rei das águas Potiguara

O GRITADOR (ASSOBIADOR)

O GRITADOR (ASSOBIADOR)



As pessoas que trabalham na mata contam a história do homem gritador, um antigo machadeiro que era campeão na derrubada de árvores, ninguém conseguia derrubar mais árvores do que ele. No entanto, logo após a sua morte, o machadeiro conscientizou-se do mal que tinha feito a todo o planeta terra, destruindo as matas. Desde então, esse machadeiro tornou-se o Homem Gritador.
Quando um machadeiro derruba uma árvore, por ambição ou sem necessidade, ele dá um grito. Dizem que desde essa hora ele passa a acompanhar o machadeiro, ficando em seu entorno até que a pessoa assombrada coloque o pé direito em cima do esquerdo de uma pessoa que tenha muita fé. Apessoa precisa ainda abrir os seus braços em forma de cruz e rezar um Pai Nosso, para, desta forma, a maldição ser quebrada.
Outro mistério que envolve o Gritador e seu grito é o seguinte: dizem que quando ele grita perto é porque está longe e quando ele grita longe é porque está perto, artimanha usada para confundir as pessoas e dificultar sua localização.
Segundo Carlos, cacique de Jacaré de São Domingos, na aldeia Jacaré, o povo conta a história de um Gritador que passa de sete em sete anos por lá. Segundo o cacique, teve uma vez em que ele estava na casa de uns conhecidos. Era por volta de meia-noite, quando ele resolveu ir embora. No meio do caminho, ele conta que ouviu o grito do Gritador. Assustado se escondeu no meio das árvores para ver se o tal Gritador passava, mas, quando ele ouviu o grito de novo, o Gritador já estava muito à frente, sem que ele percebesse sua passagem. O cacique concluiu sua narrativa afirmando que antigamente havia muita assombração naquelas redondezas, mas depois que chegou a energia essas assombrações desapareceram.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O PESADOR

O PESADOR

Um dos mistérios que assolam os sonos dos Potiguara é a inesperada visita do Pesador em noite de lua cheia.
Diz a lenda que um homem utilizando um chapelão anda pela noite a procura de pessoas de pouca fé. Quando encontra alguma pessoa desprotegida do seu anjo da guarda, ou seja, sem a proteção dos guardiões da luz, o Pesador sobe na pessoa com todo o seu peso e começa a sufocar a pessoa. Esta não consegue gritar para pedir ajuda, perdendo o fôlego como se estivesse morrendo.
Os anciões dizem que se a pessoa visitada pelo Pesador conseguir retirar o chapéu dele, o qual esconde o seu rosto, ficará rico. No entanto, se a pessoa dormir com as mãos ou os pés cruzado, o Pesador não conseguirá lhe fazer mal. Outro modo de se proteger de ter pesadelo com o Pesador e rezar antes de dormir, entregando sua alma ao seu anjo da guarda.

UM SEDUTOR CHAMADO BOTO

UM SEDUTOR CHAMADO BOTO



Qual o Potiguara que não fica fascinado ao ver o Boto saltitar nas águas da maré ou do oceano aberto em uma noite de lua cheia? Qual o Potiguara que não se sentiu cortejado pelo Boto ao se banhar nas águas e de repente ele da o ar da graça ao saltitar ao seu redor? O fascínio que o boto desperta nos seres humanos é tão grande que chega a hipnotizar.
Diz a lenda que o Boto é capaz de fazer as meninas donzelas se apaixonarem por ele perdidamente. Esses relatos são comuns não só entre os Potiguara, mas também em todos os lugares em que o boto vive.
O que pouca gente sabe e que o boto já foi índio moço e formoso de grande bravura, que se apaixonou pela índia mais bela de sua aldeia, a qual desprezou o seu amor. O jovem índio desgostoso da vida, incompreendido em seu amor, em uma noite de lua cheia, fez um pacto entregando–se ao mar, transformando–se em boto.
Deste dia em diante nunca mais o boto quis saber de amar ninguém verdadeiramente e, nas noites de lua cheia, ele volta à fisionomia de homem belo e moço, fazendo muitas mulheres se apaixonarem por ele, levando-as, em seguida, para o mar, a fim de viver com ele. As moças seduzidas pelo boto acabam se afogando; outras são engravidadas pelo boto sedutor, que depois disso nunca mais as procura. Por isso, ao se encontrar com o boto nos braços da maré ou em oceano aberto cuidado para não se apaixonar por ele. Pois o boto e um eterno sedutor atrás de donzelas.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

MORTO - VIVO

MORTO - VIVO


Outra história que faz parte do imaginário Potiguara é a do Morto–Vivo. Narra a lenda que dois compadres muito unidos se desentenderam por motivos banais. Um dos compadres, por causa disso, acabou tirando covardemente a vida do outro.
Como a relação de compadres e algo sagrado aos olhos de Deus, eles foram amaldiçoados a viver eternamente agarrados um ao pé do outro. Assim, para um ficar em pé, é necessário que o outro permaneça de cabeça para baixo.
Vários são os relatos de pessoas que já se encontraram com o Morto-Vivo pelos caminhos de areia das terras do Povo Potiguara, principalmente nas noites de lua cheia.


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A COBRA DE COQUERINHO

Os mais antigos dizem que, certa vez, em Coqueirinho as pessoas com pressa para iniciar os festejos profanos da festa de Nossa Senhora dos Navegantes anteciparam o início da missa, naquela mesma noite, no pavilhão de Coqueirinho, uma serpente adentrou o meio do salão e ficou dançando em pé como se tivesse hipnotizada. Os anciões entenderam que aquilo era sinal de mau agouro, por causa da antecipação da missa pelas pessoas. Desde então, o horário da missa tornou–se sagrado, e ninguém ousa mais antecipar.

num pássaro, cujo canto é esse: “haja pau, haja pau, haja pau haja pau...”.

HAJA PAU

Explicam os mais velhos que, certo dia, a mãe de um menino pediu para que ele fosse levar o almoço do pai até o roçado. No meio do caminho, por ter “olho grande” resolveu comer a comida que era destinada ao pai.Somente sobrou do almoço do pai alguns ossinhos, que o mesmo tampou dentro da panela e entregou ao pai. Quando o pai percebeu que na marmita só tinha osso, indagou ao filho o que significava aquilo. No entanto, o filho nada esclareceu e disse que aquilo era o que a mãe dele tinha mandado para o pai. O pai, possesso de raiva, voltou para casa e chegando lá, sem dar chance da mulher se explicar começou a surra–lá de tal modo que a mulher veio falecer.O filho mau, que tinha causado aquela situação, foi tomado de tristeza e, pelo remorso, fugiu para a mata; ninguém nunca mais teve notícia dele. Porém, alguns anciões e pessoas da mata afirmam que o menino se encantou e se transformou

terça-feira, 16 de junho de 2009

OS POTIGUARA

POTIGUARA, POVO BRAVO SIM SENHOR




O povo Potiguara é um dos mais antigos povos pré-cabraliano a ser registrado nas crônicas oficiais das grandes navegações. No ano de 1501, a La Lettera, de Américo Vespúcio, batiza a Baia de Acajutibiró com o topônimo de Baía da Traição; depois deste fato, foram muitos os episódios envolvendo este povo, que tem em seu sangue a bravura e a luta como parte de sua vida. Os Potiguara só cedeu aos colonizadores portugueses depois de resistirem bravamente a dominação. Foram décadas de confronto, que nos renderam episódios como: o Ataque ao Engenho de Tracunhaém, as Invasões Francesas e Holandesas no nordeste brasileiro, as Guerras Justas entre outras. A bravura deste povo foi tanta que é o único povo indígena remanescente no estado da Paraíba.
Inicialmente os Potiguara ocupavam quase todo o litoral norte do nordeste brasileiro, do atual estado da Paraíba até o Maranhão. Atualmente os Potiguara encontram – se numa área de 33.000 hectares, distribuídos em 29 aldeias em três Terras Indígenas - TI, sendo elas: Terra Indígena Potiguara, com 21.238 há, compreendendo os municípios paraibanos de Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto; Terra Indígena Potiguara Jacaré de São Domingos, com 5.032 há, compreendendo apenas Marcação e Terra Indígena Potiguara de Monte – Mór, com 5.800 há, abrangendo Marcação e Rio Tinto.
Os Potiguara possuem um Cacique e um Conselho de Liderança que é composto por representantes das 29 aldeias. Outras características fazem parte da cultura deste povo como: o Toré (ritual Potiguara) manifestado como dança em momentos que necessitam de união do grupo; a pintura corporal; o conhecimento de plantas medicinais; a sabedoria anciã; as lendas e os causos difundidos pela cultura oral deste povo. Esta última manifestação é o objeto de estudo e divulgação dos textos presentes nesta cartilha Lendas & Causos do Povo Potiguara.



Cássio Marques / baraocassio@hotmail.com